NUMA CONVERSA DESCONTRAÍDA ENTRE FILHAS, NETOS E BISNETOS OS FATOS E ACONTECIMENTOS DA VIDA DE MANOEL CORREIA, FUNDADOR DO CARNEIRO MANSO VINHA À TONA. SILÊNCIO E GARGALHADAS SE MISTURAVAM A CADA DESCOBERTA, E ASSIM, SEGUIMOS O BATE-PAPO. Em 1950 ele fundou o Maracatu Carneiro Manso e se tornou histórico em Glória do Goitá. Manoel Francisco Correia, conhecido por Manoel Correia, conduziu o maracatu até 1982, ano em que faleceu, aos 58 anos. Gloriense, residente no Sítio Serrinha, ele era casado com a agricultora, Helena Maria Correia, com quem teve 13 filhos, sendo sete mulheres e seis homens. Atualmente, essa família se soma com 34 netos e 34 bisnetos. Além de fundador e dono do maracatu ele era Funcionário Público Federal, e trabalhava no Laboratório do Ministério da Agricultura, no Campo da Sementeira. O amor pelo maracatu começou antes do Carneiro Manso, quando ele ainda fazia parte do Maracatu Leão do Norte. Mas, foi com a fundação do Carneiro Manso, que ele se dedicou, diariamente, a essa cultura que se tornou tradição e história em Pernambuco. De acordo com informações da família, ele gostava muito de carnaval. “Nos dias de carnaval ele sempre saia pelas ruas com uma malinha nas mãos”, relembra com saudades, a filha Aurora. “O povo tinha um profundo respeito e gratidão por ele”, comenta o neto, e atual presidente do grupo José Rinaldo da Silva. Depois da morte do fundador, o Carneio Manso foi conduzido até 1994 por José Antônio de Lima. Conhecido por Zito, ele era casado com Aurora Francisca Correia, filha de Manoel Correia. Zito faleceu em 1994, e com sua morte, e as dificuldades financeiras o maracatu encerrou as apresentações. Mas em 2004, a partir de iniciativas dos filhos e netos, o Carneiro Manso ressurgiu e se transformou num dos maiores e melhores maracatus de Pernambuco. É por isso que Manoel Correia é um dos homenageados do carnaval 2010 pela Prefeitura de Glória do Goitá. CARNEIRO MANSO: 60 ANOS DE HISTÓRIA. O nome guarda o segredo do maracatu, pois o Carneiro Manso representa batuques, alegria, animação e muita folia nas ruas, e por todos os lugares por onde passa. As apresentações duram horas, e é preciso muito fôlego para acompanhar o ritmo ditado pelas batidas. Pela atuação e preservação cultural, o Carneiro Manso recebeu o prêmio Humberto Maracanã 2009, concedido pelo Ministério da Cultura. Nas apresentações no Recife, ele está entre os dez maracatus do Estado e se apresenta na 1ª categoria dos maracatus do Pernambuco. Durante a festa de Momo o grupo passa dias nas estradas para levar a sua alegria para vários municípios. Esse ano, já tem apresentação confirmada no Recife, Olinda, Buenos Aires, Feira Nova, Vicência e outras cidades. Em Glória do Goitá, terra do Carneio, ele terá duas apresentações, sendo uma no domingo, e a outra na terça-feira de carnaval. Atualmente, o maracatu é presidido por José Rinaldo da Silva, filho de Severina Maria Correia da Silva, filha de Manoel Correia. O maracatu é uma atração que causa muita expectativa em Glória do Goitá. Composto por 140 integrantes, representados por cablocos de pena e de lança, baianas, bandeiristas, rei e rainha, músicos, ternos, mateu, catita, burra, balizeiro, porta-símbolo e contra-mestre todos puxados pelo conhecido Mestre Reginaldo Silva, o Carneiro Manso se destaca pelo brilho, cores, e irreverência. A manutenção do maracatu exige muita determinação. Atributo que é cultivado, diariamente, com muito zelo e amor. O grupo sobrevive dos recursos que contemplam nas apresentações e concursos. Mas, muitas vezes, é necessário investimento próprio dos diretores. Pois, para eles, o maracatu significa muito mais que cultura, o Carneiro representa a história de uma família que começou em 1950, e não pode parar.
Autor/Fonte: Assessoria de Comunicação/Everaldo Costa Santana - DRT/PE 4521Publicado em: 25/1/2010
